Investimento no Brasil continua como antes: baseado na desconfiança. 

Investimento no Brasil continua como antes: baseado na desconfiança. 

O Brasil ainda enfrenta tendência de desalavancagem de investimento estrangeiro em comparação a outros mercados emergentes. Isso se dá em razão da alta desconfiança dos agentes internacionais quanto à capacidade do país de aprovar reformas econômicas. Assim, afirmou Drausio Giacomelli, estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank.

Giacomelli citou ainda o desafio do país de implementar legislação que garanta maior eficácia ao processo de reestruturação das empresas.

De acordo com o estrategista, uma sinalização e aprovação efetiva de reformas estruturais será o grande divisor de águas para a sustentabilidade do crescimento econômico. Nesse sentido, poderia alcançar o patamar de até 3% ao longo dos anos, a depender da efetividade das reformas fiscais na garantia de estabilidade da trajetória da dívida pública.

Política de investimento deve gerar confiança

Em termos de investimento deve-se considerar alguns aspectos políticos. “O investidor (estrangeiro) está com uma confiança muito baixa no Brasil. Desse modo, segundo ele, “a gente olha o nível de incerteza do Brasil, altíssimo (…) em relação à conduta de política fiscal. Da mesma maneira em relação ao progresso de reformas e (sobre) qual é a plataforma (econômica) do presidente (Jair Bolsonaro)”.

O dólar disparou 2,8% nesta sexta-feira, enquanto os juros futuros saltaram e o Ibovespa caiu em meio a apreensão fiscal doméstica e ao clima externo negativo.

Medidas de alívio foram importantes

No entanto, apesar do alto nível de incerteza, Giacomelli vê como positivas as medidas de alívio aos efeitos da pandemia de Covid-19, que propiciaram injeção de liquidez a empresas e famílias.

O Deutsche Bank estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuará 5,2% em 2020. Contudo, um desempenho melhor que o de pares da América Latina. “A saída (recuperação) está sendo rápida porque o Brasil, do outro lado da balança, teve um dos maiores programas de alívio do mundo”, disse.

Traçando perspectivas para mercados emergentes, Giacomelli fez ressalvas sobre o México, segunda maior economia da América Latina, que em sua visão tem adotado excessiva disciplina fiscal em um momento dramático.

De volta ao Brasil, ele pontuou, entretanto, que, passada a fase mais crítica de respostas aos estragos da pandemia –na qual se faz necessário prover assistência–, uma das etapas a ser alcançada é a aprovação pelo Congresso brasileiro de projeto que atualiza a Lei de Falências. O texto já foi aprovado no fim de agosto pela Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado.

A proposta reequilibra o poder entre credores e devedores na recuperação judicial, possibilitando que haja proposta de plano de recuperação pelos credores, além de melhorar questões relacionadas à segurança jurídica.

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