Novelização. Você já ouviu falar?
A novelização (do inglês novelization) é o processo de adaptação de um roteiro audiovisual — geralmente de um filme, série ou jogo — para o formato literário, transformando a narrativa originalmente escrita para a tela em um romance. Diferente de uma simples transcrição, a novelização busca expandir o universo da obra original, adicionando elementos como pensamentos internos dos personagens, descrições aprofundadas de ambientes, passagens cortadas do roteiro e até cenas inéditas.
Embora o roteiro sirva como base estrutural, a novelização exige um trabalho criativo e literário significativo, já que o autor precisa traduzir linguagem cinematográfica em prosa, tornando visual e sonoro algo que será experimentado apenas por meio da leitura.
Esse tipo de adaptação tornou-se popular especialmente a partir das décadas de 1970 e 1980, com o sucesso de franquias como Star Wars, Alien e Indiana Jones. A prática permite que fãs explorem camadas narrativas que o tempo limitado do filme ou da série muitas vezes não permite mostrar. Além disso, é uma forma de manter o interesse pelo universo ficcional entre lançamentos.
Importante destacar que a novelização não é fanfic: ela requer autorização legal dos detentores dos direitos da obra original. Em muitos casos, os autores contratados não participaram da criação do roteiro, mas recebem acesso a ele para adaptá-lo em formato de romance.
Assim, a novelização ocupa um espaço único entre literatura e audiovisual: é ao mesmo tempo uma obra derivada e uma criação literária independente, com potencial de enriquecer e ampliar a experiência narrativa do público.
Exemplos de roteiros que se transformaram em livro
Contudo são pouquíssimos os exemplos existentes no mundo conforme abaixo:
Exemplos Reais e Inspirações – Novelização
Filme/Franquia | Autor do Roteiro | Autor da Novelização | Observações |
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Star Wars (IV, V, VI) | George Lucas | Alan Dean Foster, James Kahn | Foster escreveu como “Lucas” no primeiro. |
Alien | Dan O’Bannon | Alan Dean Foster | Sucesso cult, o livro aprofunda emoções. |
E.T. | Melissa Mathison | William Kotzwinkle | Muito lírico, ampliou o ponto de vista. |
Gremlins | Chris Columbus | George Gipe | Adiciona elementos que não aparecem no filme. |
Back to the Future | Zemeckis & Gale | George Gipe | Lançado junto com o filme em 1985. |
Fonte: ChatGPT
Novelização no Brasil
No Brasil também existem exemplos de novelizações, embora essa prática seja menos comum do que nos Estados Unidos. Por aqui, as adaptações literárias geralmente partem de novelas, filmes ou séries de grande sucesso — e muitas vezes são feitas por escritores contratados, e não pelos roteiristas originais.
Cidade de Deus – de filme para romance e vice-versa
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Filme (2002): dirigido por Fernando Meirelles, com roteiro de Bráulio Mantovani.
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Romance: a origem é o livro de Paulo Lins (1997), mas depois do sucesso do filme, houve reedições com novas capas e grande alcance internacional.
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Ainda que o caminho tenha sido do livro para o filme, o romance ganhou aspectos de “novelização expandida” por causa do impacto do cinema, e muitos leitores vieram à obra depois de ver o filme.
O Auto da Compadecida – versão romanceada da peça adaptada na TV e no cinema
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Originalmente uma peça teatral de Ariano Suassuna.
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Após o sucesso das versões audiovisuais (especialmente a minissérie da Globo e o filme de 2000), foram publicadas edições literárias baseadas nessas versões, com estrutura mais narrativa e prosaica do que a peça original.
Se Eu Ficar / Para Sempre Alice / A Culpa é das Estrelas – novelizações e traduções com base em filmes
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Apesar de serem obras internacionais, editoras brasileiras costumam publicar versões literárias com capas do filme, e em alguns casos, com trechos adaptados conforme o roteiro.
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Algumas dessas edições funcionam como semi-novelizações “oficiais” para o público brasileiro.
Carandiru – O Filme: O Livro Oficial do Filme
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Embora o livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella, tenha originado o filme (2003), a edição especial lançada após o filme incluiu conteúdo exclusivo do roteiro cinematográfico.
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É um caso híbrido: o filme nasce do livro, mas depois o livro é relançado com ares de novelização.
Casos especiais: adaptações de novelas da TV Globo
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Algumas novelas de grande sucesso viraram livros — e, em muitos casos, esses livros foram escritos por outros autores com base nos roteiros originais.
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Ex: Escrava Isaura, Gabriela, Vale Tudo, Senhora do Destino.
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As citações acima referentes à novelização do Brasil, entretanto, não são, necessariamente, livros escritos, a partir de um roteiro de filme, algo que se pode dizer inédito.
Raro e possivelmente inédito no Brasil
Em fase de final de editoração para publicação, o livro intitulado Pacto entre Canalhas, cuja história original, um roteiro homônimo de autoria do cineasta Luiz Cesar Rangel, está prestes a ser lançado.
O livro em coautoria com o escritor Orlando Rodrigues deve expandir a estatística da novelização no Brasil. Até porque, o filme Pacto entre Canalhas produzido pela Cine Kua Non e dirigido por Luiz Cesar Rangel também está em fase de finalização.
Isso significa que as duas obras podem figurar como marcos históricos neste estilo de produção cultural nacional.
Como Funciona a Novelização de Roteiros (Sem Ser o Autor Original)
1. Autorização é essencial
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Se o roteiro já pertence a alguém (cineasta, estúdio, produtor), você precisa de autorização oficial para transformá-lo em romance.
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Isso pode vir por meio de:
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um contrato com o estúdio/detentor dos direitos,
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ou se o roteiro for de domínio público, o que é raro para obras modernas.
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2. Caso tenha acesso informal ao roteiro (com permissão)
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Se você conhece um cineasta ou roteirista e ele te autoriza formalmente a adaptar a obra, vocês podem firmar um contrato de colaboração.
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Você se torna o autor do romance baseado na ideia dele.
3. Autoria no crédito
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O crédito geralmente vai assim:
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Baseado no roteiro de [NOME DO ROTEIRISTA]
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Romance por [SEU NOME]
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