Mês: setembro 2024

Bienal de São Paulo: celebração da Literatura e diversidade.

 

Entre os dias 06 e 15 de setembro de 2024, São Paulo foi palco de um dos maiores eventos literários do Brasil, a Bienal do Livro, que nesta edição superou todas as expectativas em termos de público e programação. Milhares de visitantes, entre leitores ávidos, escritores renomados e novos talentos, lotaram os pavilhões do evento, transformando a cidade em um ponto de encontro vibrante para a cultura e a literatura. Ao longo dos dez dias, a Bienal reafirmou seu papel como espaço essencial de trocas intelectuais e de celebração da diversidade cultural.

Com mais de 700 expositores, a Bienal de 2024 trouxe uma programação intensa, oferecendo palestras, mesas-redondas, lançamentos de livros e sessões de autógrafos. O público teve a oportunidade de interagir com seus autores favoritos e descobrir novas vozes da literatura nacional e internacional. A presença de editoras independentes, com seus catálogos ricos e variados, foi um destaque à parte, mostrando a força da produção literária alternativa no país.

A edição deste ano também teve uma forte presença de debates sobre temas contemporâneos, como diversidade, inclusão e os desafios do mercado editorial na era digital. Painéis com escritores, críticos literários e profissionais do setor abordaram o papel da literatura na construção de um futuro mais plural, destacando a importância de dar voz a narrativas até então marginalizadas.

Outro ponto alto foi a interação com o público jovem. A Bienal apostou em uma programação especial voltada para este público, com atividades que incluíram oficinas, encontros com escritores de literatura juvenil e performances ao vivo, atraindo uma nova geração de leitores e criando um ambiente de entusiasmo e inspiração.

O sucesso da Bienal de São Paulo 2024 evidencia o papel central da literatura como meio de expressão e reflexão social. O evento mostrou que, mesmo em tempos de desafios, o poder das palavras continua a nos conectar, inspirar e transformar.

Cabe destacar a presença de diretores da ANEE – Associação Nacional de Escritores e Editoras, além de alguns de seus escritores associados.

Censura x liberdade de expressão. Onde está o limite?

O dilema entre produção cultural, liberdade de expressão e censura é uma questão complexa e vital no cenário contemporâneo.

A produção cultural, por natureza, reflete a diversidade de pensamentos, valores e experiências humanas, sendo um reflexo da liberdade de expressão, um direito fundamental.

Entretanto, essa liberdade enfrenta desafios significativos, especialmente no contexto das redes sociais e plataformas digitais, como o X (antigo Twitter).

Essas plataformas se tornaram arenas centrais para a disseminação de ideias, notícias e manifestações culturais, mas também se tornaram alvos de regulamentações e políticas de moderação de conteúdo que alguns enxergam como censura.

A censura, historicamente, sempre foi uma ferramenta usada por governos e instituições para controlar a narrativa e suprimir vozes dissidentes.

No entanto, no ambiente digital, a linha entre moderação de conteúdo, para evitar a disseminação de desinformação ou discursos de ódio, e censura, que restringe a liberdade de expressão, se torna tênue e nebulosa.

A remoção de postagens, a suspensão de contas e a limitação de alcance de certos conteúdos levantam questões sobre quem detém o poder de definir o que pode ou não ser dito.

Este controle, muitas vezes centralizado nas mãos de poucas corporações, levanta preocupações sobre a concentração de poder e a possível manipulação de discursos públicos.

Por outro lado, a ausência total de moderação pode levar a um ambiente caótico e perigoso, onde desinformação, teorias da conspiração e discursos de ódio prosperam.

Isso pode minar a própria base da produção cultural e da liberdade de expressão, já que o discurso civilizado e construtivo pode ser abafado pelo barulho da polarização extrema e da violência verbal.

O desafio, portanto, reside em encontrar um equilíbrio entre garantir a liberdade de expressão e proteger a sociedade de conteúdos prejudiciais, sem que isso resulte em censura.

Esse equilíbrio é fundamental para assegurar a democratização do acesso à cultura e à informação, permitindo que diferentes vozes sejam ouvidas e respeitadas, sem que sejam silenciadas por interesses corporativos ou ideológicos.

É uma questão que exige diálogo constante entre sociedade civil, governos e as próprias plataformas digitais para assegurar que a liberdade de expressão continue a ser um pilar da nossa sociedade, ao mesmo tempo em que se promove um ambiente online seguro e inclusivo.

Por outro lado, poderes instituídos de uma nação devem se valer da constituição para salvaguardar direitos e exigir o cumprimento de obrigações e jamais fazer uso dela para interpretações de cunho político, ideológico e partidário.

O Brasil já sofreu consequências graves de períodos onde a censura teve viés ideológico e os danos à formação cultural de nosso povo foram imensos, cujas sequelas vivemos até hoje.

Censura, nunca mais!

Orlando Barbosa Rodrigues

Escritor e produtor cultural.

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